Todos os dias recebo pessoas no gabinete que vivem em busca do Amor... umas sofrem e outras desesperam. A maioria vive marcada pelas desilusões que viveram, criam dentro de si barreiras e acima de tudo deixam de confiar no Amor.
Obviamente que consigo entender e sentir o que elas vivem e dizem, mesmo porque também passei pelo mesmo. Procuro encontrar as palavras certas, de as fazer olhar para si e, antes de mais, serem capazes de se amarem. Porque é essencial nós termos o nosso amor próprio para conseguir amar de forma interdependente, ou seja, amar mas não depender do afecto do outro. Uma relação de parceria em que ambos fazem o seu caminho ao lado um do outro, vão crescendo e aprendendo juntos e, acima de tudo, deixar o outro ser livre por forma a que não se anule na relação.
Nos dias de hoje o grande problema é a Confiança, são tantas as histórias de relações destruidoras, tantas as pessoas que contam que sofreram com a traição e que traíram. A forma como a sociedade tem sofrido com a velocidade, o acesso e a rapidez de tudo, até das relações amorosas. As redes sociais que abafam a intimidade, que proporcionam a invasão de privacidade, os encontros fáceis e o constante assédio. Muitos se deixam levar pelo controle, vivem como detectives à procura de algo que o parceiro/a possa ter partilhado com alguém na internet, controlam o estado online e o horário do mesmo. Depois temos as pessoas que se encontram insatisfeitas e vazias, estas entram nas redes para colmatar a solidão, muitas vezes desesperadas confiam nos predadores que se aproveitam do seu estado frágil, e acabam por sofrer desistindo de acreditar no amor.
Quanto mais histórias oiço mais consciente fico da dificuldade do ser humano Amar sem defesas, de ser capaz de Confiar e de Acreditar no outro. A base das relações doentias é a falta de confiança e a falta de comunicação. Além disso a dificuldade de sentir empatia, ou seja, de procurar entender o lado do outro, de tentar imaginar como seria se estivesse no seu lugar.
E muitas vezes o problema reside na disponibilidade para Amar... nem sempre somos capazes de viver e sentir sem permitir que as mágoas do passado nos bloqueiem. Pois todos temos um passado e a nossa história é que contribui para a pessoa que existe em nós, infelizmente muitos de nós temos um passado marcado pelo sofrimento e isso torna-nos indisponíveis para Amar.
Confesso ficar assustada com a falta de investimento nas relações humanas, com os padrões de comportamento da nossa sociedade pois caminhamos para um mundo virtual em que o toque, o olhar nos olhos, a carícia está a ser substituída pelo emoji, pelo clique no gosto.... Contudo quero acreditar que o vazio que cresce no ser humano o vai levar ao início: à busca de um amor de parceria, de afecto e crescimento mútuo.
Comentários
Enviar um comentário