Avançar para o conteúdo principal

Angústia

A dada altura, quando caminhámos, a angústia apodera-se do nosso ser e leva-nos para um percurso cheio de picos... Por mais que tentemos viver no momento o nosso pensamento acaba perdido em diversas ideias que nos conduzem à angústia....

Quando percebemos que a vida é efémera! Quando tomamos consciência que o fim pode ser amanhã! E se fôr amanhã, será que tudo o que desejámos foi vivido? Será que não deixámos por dizer, fazer e sentir? Será que não perdemos tempo em querer fazer e deixámos de ser?

Para quem busca um sentido da vida, todas estas questões levam ao crescer de uma angústia que os cega, revolta e entristece... Perceber que perdemos o tempo e não soubemos aproveitar e que, muitas vezes, deixámos de viver os momentos que a vida nos ofereceu. 

E agora, como sair deste estado angustiante?! Talvez a partir da tomada de consciência de que a vida não pode ser abandonada... por isso temos de lutar pelo que desejámos, ser determinados nas escolhas, apreciar, partilhar e construir um caminho que nos traga felicidade, amor, alegria... 

Talvez ao sofrer com a noção da finitude da vida entendemos que não vale a pena ficar a teimar com o que não é alcançável, talvez seja preferível apreciar o que está ao nosso lado, amar as pequenas coisas e agradecer o que a vida nos proporciona todos os dias.

Nem sempre fácil, porque muitas vezes cresce a revolta, sentimos que a vida foi injusta e cruel. Muitos de nós já vivenciámos perdas que são difíceis de aceitar, tivemos momentos de grande dor e assistimos a muitas ironias da vida. Claro que sim, mas e se tentarmos no sofrimento construir uma força que nos leva a acreditar mais em nós e a termos vontade de viver, de crescer, de conquistar?! 

Talvez na simplicidade encontremos as respostas para os nossos dilemas... talvez ao aceitarmos as ironias da vida possa ser possível encontrar a felicidade... O importante é cada um encontrar e aceitar dentro de si uma causa, um propósito que o faça querer e sentir que a vida é uma benção.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Perda e Luto

 Ao pensar no luto e nas constantes conversas partilhadas sobre o processo compreendo que nunca deixei de reviver as minhas perdas. No fundo acabo por sentir que uma parte de mim acaba por seguir ao lado de quem parte, fica um vazio em mim que jamais é preenchido com os que entram na minha vida.  Hoje foi sem dúvida um dia que a perda esteve presente, só que de uma forma diferente que nunca tinha vivenciado. Após vinte quatro anos a vida leva-me a reviver a despedida de alguém muito especial e único que faz parte da minha história. Jamais imaginei que seria possível ter uma segunda despedida de quem partiu há tanto tempo, mas a vida acabou por trazer de volta a dor, o sofrimento e a tristeza. Como é possível? Só mesmo vivendo é que podemos perceber o peso de ter de desenterrar e voltar a devolver ao universo o restos mortais de uma pessoa que morreu há vinte quatro anos.  O significado da perda tem contornos únicos para cada um, depende da relação que foi vivida, das circ...

Suspiro

 Na madrugada enquanto contemplo as estrelas revejo as imagens do meu dia, as palavras partilhadas e as emoções vividas. Como são intensos os dias! Suspiro e encontro conforto em cada expressão do outro, alguns até no desespero conseguem transmitir Amor, e os que trazem tristeza acabam por sarar a sua dor na partilha. Todos os dias sigo o caminho para casa e penso na sorte que tenho em manter o meu sonho na minha profissão vivo, como sou abençoada por continuar o caminho da psicologia e da psicoterapia e viver tão apaixonada pelo que faço. A Escolha que fiz aos 16 anos e que não abdiquei mesmo nos momentos difíceis. Houve momentos de desespero, momentos de descrença, contudo a minha paixão venceu!  A liberdade de ter a possibilidade de viver o meu dia acompanhada, de crescer e sofrer acompanhada traz ao meu ser um sentido de vida e a força para não desistir. Claro que existem momentos de grande fragilidade onde a dúvida se instala, mas acabo por ir buscar forças no outro e no ...

Voar ...

  Passado dois dias continua a ser difícil colocar em palavras o meu sentir após o adeus... Quando conheci tinha apenas 13 anos, uma menina muito especial e com um estilo muito distinto das que conhecia. Ela surge na consulta no seguimento de uma fase muito difícil do seu distúrbio alimentar que a levou para um lugar muito sombrio. O pedido surgiu pela necessidade de apoio psicológico na construção de um projeto de vida e, acima de tudo, na construção de um eu mais confiante e seguro de si.  No primeiro instante senti logo um fascínio pela sua forma de ser, contudo angustiada ao perceber o seu fascínio pelos corpos magros. Uma jovem com uma dor intensa e um sentimento de culpa enorme, buscou apoio e abraçou com muita coragem o processo terapêutico. Ela tinha uma história marcada pela dificuldade em aceitar o seu corpo e por sentir que não era aceite pelo outro. Durante três anos cresceu um laço afectivo, aprendemos a viver a nossa partilha respeitando o espaço e o tempo de cad...