Conseguir encontrar a serenidade é uma meta difícil, com tantos dilemas que temos fica a agitação em nós que torna quase impossível alcançar a sabedoria de aceitar, esperar e acalmar para que as nossas acções não sejam meros impulsos.
É tão natural sentir o abismo perante a complexidade do nosso ser, tentamos encontrar as respostas para as questões que a vida nos coloca ou que nós perante a vida construímos dentro de nós. Ser capaz de ter a serenidade de aceitar e entender que nem sempre estamos em controlo é um dom que nos escapa diversas vezes.
" Eu não compreendo porque tenho de fazer sempre o que os meus pais dizem?"
" Eu tento compreender mas é difícil aceitar ... é injusto a vida ter levado o meu pai com aquela doença horrível!"
" Eu sei que era uma relação doentia mas eu não o consigo esquecer!!"
" Eu tento mas é difícil ir sem ter a certeza do que me espera.... como posso não ter medo de algo que não consigo controlar?!"
É tão difícil de viver a angústia do imprevisível!! De não sentir que estamos em controlo, e de que a nossa escolha terá consequências mas que não sabemos quais?! E aí reside a nossa fuga, quando angustiados vivenciamos o medo, e este medo acaba por nos "congelar" ao ponto de não sermos capazes de agir. Contudo, quando temos a clarividência de que estamos a evitar e a fugir podemos sempre tentar controlar o nosso comportamento, ou seja, de lutar contra a fuga. E porquê lutar contra? Porque temos de não fugir mas sim agir de acordo com o que a nossa essência e assim procurar realizar o que as nossas emoções nos transmitem. E na verdade se nós as escutarmos vamos compreender o que desejamos, e se agirmos de acordo com isso vamos estar a seguir a vontade da nossa essência.
Contudo, continua a ser um caminho difícil, porque ao confrontar o nosso ser estamos muitas vezes a tomar consciência da nossa vulnerabilidade e a expor perante o outro a mesma. E a verdade é que o outro pode magoar e isso é algo que temos de ter como uma possibilidade e estar preparados para gerir de forma a não ficarmos perdidos na dor. Além disso, o confronto com a vida e as circunstâncias da mesma também nos coloca em contacto com o mais autêntico e nem sempre esta realidade é fácil de aceitar. Pelo menos temos sempre o poder da escolha....
Ou fugimos ou enfrentámos o bom e o mau... e para isso temos de ter sempre em nós a serenidade a acompanhar o nosso agir.
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