Ao longo de muito tempo procurei não aprofundar este tema devido à sua complexidade mas cada vez mais recebo pacientes em busca de respostas, de conforto e de um equilíbrio nas suas relações amorosas.
A singularidade de cada pessoa leva a que cada relação a dois tenha uma caminhada cheia de subidas e descidas nas montanhas que simbolizam o tempo da partilha e da busca de cada um na relação. Muitas das vezes perdemos as forças e construímos muralhas difíceis de destruir em nós e na relação com o outro. Na verdade a caminhada só pode ser feita se os dois estão em sintonia e com vontade de construir lado a lado o caminho que os dirige para os sonhos em comum. Contudo nem todos os dias a sintonia existe e muitas vezes o conflito surge. A questão é encontrar o ponto em que ambos conseguem parar, reflectir e buscar o reencontro com o seu eu e com o outro na relação.
Das histórias que vou escutando noto em todas a dificuldade de parar e calmamente caminhar sem que surja a reação explosiva, a criação de fantasmas e o desenrolar de medos e inseguranças que minam a relação. Por mais que seja fácil racionalmente perceber que não vale a pena reagir pela emoção negativa mas sim reflectir e agir de forma ponderada, a verdade é que todos nós em dado momento perdemos o foco e reagimos de forma intempestiva. E, nesses momentos, surge o conflito que pode levar à ruptura ou somente a uma crise na relação.
Muitos de nós ficamos por vezes no dilema de entender se a relação é saudável ou destrutiva... nos momentos de sofrimento começámos a questionar até que ponto fará sentido continuar, muitos desistem, outros lutam e outros vivem iludidos....
Por vezes sentimos mesmo que fomos enganados pelo outro e duvidámos do seu sentimento, o problema é discernir se são os nossos medos a dominar o pensamento ou se efectivamente o nosso instinto está a dar um sinal. Principalmente nestes momentos é essencial não reagir mas sim reflectir, procurar comunicar o que sentimos e clarificar com o outro.
Certos momentos de dor ficámos perdidos na escuridão e deixámos de ser capazes de racionalizar ao ponto de cair no abismo. A dada altura entramos num remoinho que nos consome e nos deixa sem forças, envolvidos na dúvida e incerteza que nos provoca tanta angústia. Nessas alturas torna-se difícil ser ponderado, escutar e compreender, mas será importante tentar olhar de fora para a nossa relação e procurar entender se ainda conseguimos renascer e recuperar o sentido nela.
Noutros momentos acabámos por discutir o sexo dos anjos, perdemos tempo e energia em nadas, ao ponto de provocar o desequilíbrio simplesmente porque sim. Incapazes de comunicar e de esclarecer, fazemos conclusões precipitadas do outro e das suas atitudes. Nessas situações temos de ter a capacidade de parar e acalmar, não avançar explosivamente mas sim tentar clarificar sempre com outro, expressar o que sentimos e o que outro nos fez sentir.
O importante será entender que a relação tem de ser construída todos os dias, que nada pode ser dado como garantido, ambos têm de investir, dar, partilhar, escutar, expressar....
Contudo existem mesmo relações que já não é possível mudar o rumo, que a relação está destruída ou que ambos ou apenas um já deixou de amar. Nem sempre é fácil aceitar e se consegue ter a coragem de admitir que o projecto a dois terminou, muitos de nós senão todos um dia já ficámos parados em areias movediças, em que não conseguimos sair e acabámos por nos destruir na relação.
No meu entender, existem três pilares: AMOR, RESPEITO e VALOR que devem ser sempre preservados para que o nosso eu não seja destruído. Em nenhum momento podemos permitir na relação que estes sejam abalados, para isso temos de preservar o nosso eu, e jamais permitir ou perder o nosso amor próprio, deixar de nos valorizar e respeitar.
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