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Competição "Espectáculo de Talentos"

Quando se fala na sociedade acelerada e competitiva esquecemos o que está na raiz desses problemas... São várias as variáveis mas, cada vez mais, é visível  nos diversos contextos quem fomenta e quem contribui para esta "praga" ...  SOMOS NÓS!!!

Por mais que não se queira admitir, a verdade é que somos nós (pais, educadores, adultos) que promovemos o espectáculo de talentos. Como ? Ao promover a constante competição entre nós e muitas vezes através dos nossos filhos.

Quem já não assistiu à cena do "Olha vê o meu filho/a a atravessar a meta, ficou em 1º lugar" ; "Vê só como consegue fazer o pino"; "Este puto é imbatível, hoje correu 10 km". São tantas as vezes que os pais desenrolam conversas para enaltecer perante os amigos, familiares e conhecidos os "talentos" dos filhos.  Mas não só, também na escola assistimos a festas de final de ano envolvidas pela competitividade, quer seja nos fatos/ roupas, nos concursos de talentos ou nas conversas superficiais em que só se ouve o meu faz isto, conseguiu isto e por aí adiante.

Como pode uma criança ignorar este ambiente?
Como é possível negar a responsabilidade de contribuir para um mundo de luta e competição? 

Depois as crianças começam a viver a angústia de ter de ser o melhor, o mais rápido, valente, inteligente..... Depois não entendem a dificuldade de lidar com a frustração? 

Afinal não é claro que a criança necessita de sentir que é admirado, valorizado pelo outro?
Será que a criança ignora a luta desenfreada entre pais?  

Para mim é absurdo e contraprodecente incentivar a comparação a partir de comentários desnecessários sobre os méritos ou sobre as qualidades dos filhos! Esta constante necessidade de exibir só promove e desenvolve na criança a ideia de que tem de ser o melhor, como também as leva a estar constantemente a olhar para o outro e sentir que tem de conseguir mais e tem de alcançar a meta primeiro.

E o que isto cria? Crianças caprichosas e prepotentes, que não conseguem lidar com as "quedas" da vida e que tentam desesperadamente atingir a perfeição. 

Tudo acaba por condicionar o modo de olhar para o mundo e para o próximo, não se estabelece relações saudáveis mas sim competitivas, de falta de respeito e pouca humildade. Uma sociedade que promove o instantâneo, vive da aparência e alimenta-se do que é superficial.

Cada vez mais deparo-me com este vazio, de querer mostrar a importância de ser como somos, sem enfeites nem brilhantes para depois sermos capazes de dar valor e sentir que todos temos os nossos talentos e ninguém é superior!!!


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